A festa acontece em julho, segundo
informações não oficias o baile será no dia 29.
A programação ainda não foi divulgada e nem como será feito a escolha da
nova rainha; A comunidade espera que esse ano a tradição seja seguida de fato e
que a jovem escolhida de fato esteja dentro dos requisitos que o próprio
estatuto da festa diz.
Com informações dos Jornalistas Lucas
França e Roberison Xavier retiradas do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
intitulado: Baile da Chita; um registro de Memória
A identidade de um povo, a maneira que
ele enxerga a si próprio é a maior e mais poderosa referência, essas
características carregam e moldam os vários aspectos de uma sociedade sejam nos
âmbitos político, social e cultural. Sobretudo, quando essas referências se
unem para o mesmo propósito, ou seja, quando um agrupamento social começa a
compartilhar o mesmo ideal e desenvolvem juntos um referencial da localidade.
Foi
pensando assim que os moradores da antiga Vila de Paulo Jacinto iniciaram no
início da década de 1950, quando a vila estava em constante crescimento, uma
série de mudanças no local. Eles viram a necessidade de não mais pertencer a
outro município. Já que estavam crescendo economicamente para os padrões da
época, queriam caminhar independentes. Os mais influentes do local se reuniram
para discutir a possibilidade da independência da Vila. Daí tiveram um objetivo
em comum surgindo a proposta para se organizar um baile, para arrecadar
recursos financeiros e custear um advogado que lutaria na Justiça pela emancipação
da vila.
A representante do grupo Josefa Barbosa
ou “Zefina festeira”, como era conhecida, propôs uma festa após as comemorações
juninas, que logo foi aceita por todos. A partir de então começou o
planejamento. A primeira indagação foi referente ao nome para o evento, que
ganhou grande influência da produção industrial do algodão, pelo tecido em
destaque na época: a Chita. O pano era o mais comercializado na região e também
pela referência à festa junina, com estampas coloridas e florais.
Durante alguns encontros, o grupo
aprimorou e deu origem a outras propostas, dando mais visibilidade a festa, que
passava a ter uma identidade cultural para a história daquela região.
MUSICALIDADE
Além da criação do referido baile,
nasceu também outra ideia que envolvia a musicalidade daquela época, Luiz
Gonzaga e seu parceiro Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a
composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá
pelos paulojacintenses, por se tornar a chamadinha de abertura do evento. Um
momento histórico foi à chegada de Luiz Gonzaga a Paulo Jacinto por convite do
senhor José Aurino de Barros na época prefeito nomeado em 1953, Luiz Gonzaga
estava de passagem pela região Nordeste e ao saber que sua música era
considerada a chamada de abertura do baile, em agradecimento ele fez questão de
realizar uma festa na cidade já emancipada. E até hoje a música Propriá, ainda
é tocada pelas bandas e orquestras convidadas, tanto na abertura do baile como
no fim.
ESCOLHA
DAS RAINHAS
Daí foram surgindo outras propostas
bacanas para o evento como a escolha da Rainha do Baile, uma jovem que
represente a festa e a cidade (antes ainda Vila), até a realização de mais uma
edição. No início a escolha era feita a partir da venda de rifas, e a jovem que
vendesse mais bilhetes recebia o título de rainha. Atualmente, por não tratar
mais de arrecadação, ora necessária na época da criação, a jovem precisa
obedecer a requisitos propostos pelos organizadores, entre eles o de ter
nascido na cidade e passar por uma banca julgadora antes de ser eleita. Além desses requisitos existem outros como ter
idade entre 15 a 18 anos, ser da cidade ou morar no mínimo há um ano no
município, “ter boa conduta” e ser sócia do clube.
O formato da escolha da rainha do
baile, até hoje causa algumas polêmicas e boatos na cidade. E isso porque, os
atuais organizadores do evento foram mudando a maneira de escolher a candidata
e deixando a tradição de lado. Antes por se tratar de arrecadação de dinheiro,
as candidatas eram escolhidas entre as moças mais bonitas da Vila, elas
recebiam rifas e vendiam, a que arrecadasse mais era a eleita (o formato fazia
referência a rainha do milho dos festejos juninos). Depois de emancipada, a
escolha passou a ser pelo voto direto público do evento. A rainha era escolhida durante a festa pelo
voto direto do público que apontavam as mais belas e bem vestidas e a mais
aplaudida era a eleita. Essa tradição também se perdeu com a modernização e
surgiu uma outra, a rainha era indicada pelos diretores do clube, cerca de 4
moças da comunidade e sócias do clube. Elas eram convidadas como candidatas e
se preparavam para no dia do evento se apresentar e o público aplaudia a que
mais lhes chamassem atenção. Outro formato atual foi a realização de desfile
com algumas jovens e uma banca de jurados vindos de fora que não tivesse nenhum
contato direto com as jovens votavam e daí surgia a rainha.
Existiu várias maneiras de escolha que
faz parte da tradição do evento, no entanto atualmente a escolha é feita sem a
participação da comunidade, o que deixa a tradição a se perder de vista e a
população sem poder participar diretamente da cultura. Hoje a presidência do
clube sem a participação da comunidade escolhe a rainha e ela já é apresentada
como tal, mesmo que não seja a preferência da maioria, deixando as demais
jovens sem poder participar do processo cultural.
O que define a rainha atualmente é
simplesmente o poder aquisitivo que sua família tem ou pelas amizades que os
pais têm com os diretores do clube, o que vem deixando a comunidade indignada.
Em 2016, a escolha da rainha gerou uma
série de boatos e confusões na cidade, justamente por esse formato, a
comunidade apenas pediu para a tradição ser seguida e a escolha ser aberta.
Entre os comentários nas redes sociais um internauta disse; “na cidade temos
muitas jovens bonitas e que merecem ter a chance de participar do baile e ao
menos ter a chance de ser candidata a rainha. As jovens que estão sendo
excluídas têm todas as características e requisitos para tal, porque não fazer
a escolha como antes, com desfile, com a participação do público ou até mesmo
fazendo a escolha de 3 a 4 moças para se apresentarem no dia do baile e lá ser
a apresentada a escolhida”, comentou e indagou um morador da cidade.
Os diretores do Clube disseram na época
das polêmicas nas redes sócias que eles estavam apenas seguindo o estatuto do
evento. No entanto, os boatos era que a escolha foi feita por pedidos e
influência da classe social.
Este ano, o baile da Chita já tem data
marcada, segundo informações não oficiais, a festa deve acontecer no dia 29 de
julho. Até o momento a organização do evento não passou detalhes sobre a festa
e nem como vai ser o processo de escolha da rainha. Será que vão seguir a mesma
linha do ano anterior ou vai abrir para demais jovens? Será que a tradição vai
ser resgatada ou vai continuar sendo feito como os diretores do clube querem
fazer? A população vai ser ouvida? Vai participar do processo cultural, da
identidade da região ou simplesmente vai ser ignorada mais uma vez?
Estaremos aguardando ansiosamente pela
festa que já está há mais de seis décadas no nosso calendário cultural e
esperamos que o processo seja feito de acordo com a tradição. Que o resgate
cultural do Patrimônio Cultural Histórico do Nosso Estado seja cumprido.
BAILE
DA CHITA; UM REGISTRO DE MEMÓRIA
Existem várias versões sobre a história
do baile da Chita, mas nas pesquisas para o Trabalho de Conclusão de Curso -
TCC: Baile da Chita, um registro de memória, de autoria dos jornalistas Lucas
França e Roberison Xavier, consta que durante esses anos a festa deixou de ser
realizada em apenas um ano. No ano de 1978, por causa da morte do então
prefeito da cidade José Correia Fontan, Já em 1989, depois de uma forte
enchente que inundou a cidade semanas antes da festa, o baile foi adiado e
realizado no mês de setembro. Outra inundação, no ano de 2010, adiou a edição
mais uma vez. Apesar da tragédia a população não deixou de realizar a
tradicional festa. Em 2014, também não
houve o baile da Chita em ambiente fechado, como manda a tradição, mas foi
realizado na praça central da cidade, aberto ao público e como a rainha já
havia sido escolhida ela foi apresentada durante a comemoração na Praça de
Eventos Zefinha Barbosa.
Esse projeto dos jornalistas fica
agora como um documento que consta a história do baile e suas referências. No
documentário e na parte escrita do trabalho, há relatos de moradores,
frequentadores do baile, parentes dos organizadores, eternas rainhas,
jornalistas e da comunidade, é necessário agora apenas ir incluindo os nomes
das futuras rainhas e possíveis mudanças na organização da festa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.