Esta
matéria foi publicada em Campus, suplemento do Jornal O Dia
José Alberto Costa nasceu em Paulo
Jacinto-AL. Como funcionário concursado do Banco do Estado de Alagoas, onde
permaneceu por 30 anos, chefiou na Assessoria de Comunicação/Marketing. Foi
Secretário de Comunicação Social do Governo do Estado de Alagoas (1982/1983).
Trabalhou nos jornais: “Diário – Alagoas”, nos semanários “Extra-Alagoas” e
“Repórter Semanal”. Fez outros trabalhos freelance para jornais e revistas.
Durante dois anos escreveu uma coluna no semanário “A Notícia”. É consultor de
texto das revistas “VenhaVer” e “Alagoas S.A” e do Conselho Editorial do jornal
“O Dia”. Membro efetivo da Academia Maceioense de Letras e da Associação
Alagoana de Imprensa. Participa do Grupo literário “Movimento da Palavra”.
Cronista,
contista, contador de causos, poeta e cordelista, publicou o livro “Doce
Lembrança” e possui um outro, já finalizado, pronto para publicação. Blogueiro
há vários anos (jac-versoreverso.blogspot.com), vem dado destaque aos poetas
alagoanos de quem pouco se fala. Participou da antologia “Movimento da
Palavra”.
Dois
dedos de prosa com Paulo Jacinto
Volta
Campus a trazer à tona, textos sobre a vida de nosso interior e volta a
publicar um bom memorialista que consegue visitar sua cidade, cuidar de si e
cuidar dos outros.
Zé Alberto é jornalista de nomeada na
vida alagoana e homem que participa de nossa vida cultural.
Campus
pediu que ele revisitasse sua cidade natal e fizesse os recortes que desejasse
para deixar registros da vida local, do seu cotidiano e de sua história.
Deste modo, surge uma Paulo Jacinto que
poderia ser somada à outras tantas, pois existirão tantas cidades quantos forem
seus viventes. Eis, portanto, uma Paulo
Jacinto entre tantas, uma cidade que surge do olhar atento de um jornalista
inteligente e de um homem sensível.
Obrigado Zé Alberto. Na realidade,
Campus é um testemunho para a história, um importante documento que fica para
futuros colegas historiadores,
jornalistas e tantos outros sentirem os caminhos e as preocupações de
nossa época.
Campus
fica à espera de qualquer outra sua contribuição. Novamente, obrigado amigo.
Luiz
Sávio de Almeida
Na
ponte de Paulo Jacinto, abril, 2014
Memória
memória memória
Paulo
Jacinto das minhas doces lembranças
José
Alberto Costa
Rua do Comércio, 63. Na verdade, Rua
Floriano Peixoto, 63, Paulo Jacinto, Alagoas. Pelo fato de concentrar três ou
quatro lojas de tecidos, armarinhos, farmácias, mercearias, padarias, açougue e
a feira semanal (aos domingos), os moradores acabaram esquecendo o nome
original do nosso Marechal de Ferro, adotando o de Rua do Comércio e o patrono
foi quase olvidado. Ingratidão para com o Marechal Consolidador da República
brasileira, proclamada por outro alagoano como todo mundo está careca de saber:
o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
Este, apesar das barbas imperiais que ostentava e da espada em riste que
impunham respeito, quando algum dos meus colegas de bancas escolares
pronunciava o seu nome em classe, um gaiato sempre completava a meia voz: “uma
perna fina e outra seca”. Uma ofensa da qual nunca pude comprovar a veracidade.
A Rua Floriano Peixoto virou Rua do
Comércio e ficou assim até hoje, pelo menos na boca do povo. Pois nessa rua, no
número 63, tardezinha de uma quinta-feira, no dia 21 de maio do ano da graça de
1936, eu estreei no mundo, pelas mãos de competente parteira, madrinha Clara,
moradora da cidade de Viçosa. Naquela época a Vila de Paulo Jacinto era
dividida entre os municípios de Quebrangulo e Viçosa, coisa que deu trabalho
depois para juntar e criar o atual município.
Eu e meus irmãos Zélia - que viveu
poucos meses -, Selma, Elma, João e Nivaldo) fomos gerados e nascidos no lado
quebrangulense, filhos de uma quebrangulense e de um pai oriundo da Vila de Mar
Vermelho, pertencente ao município de Viçosa. Nossos pais foram João Cassiano
Costa e Grinaura Sales Cassiano.
Marco
zero
O marco zero de Paulo Jacinto é o local
da igrejinha de Nossa Senhora da Conceição, onde tudo começou. Na época da
emancipação política existiam poucas ruas, as principais eram: Floriano Peixoto
(Comércio), Santos Dumont (Rua do Funil), João Pessoa (Rua Preta), São Pedro
(Rua do Botapó), da Estação (atual Rua João Cassiano Costa) e outras menores.
A
origem
Inicialmente, o nome do povoado foi
Lourenço de Cima, pois havia um outro chamado de Lourenço de Baixo. O de cima,
segundo consta, foi fundado em 1835 pelo paraibano Antônio de Souza Barbosa,
que cuidou de erigir uma capela, sob invocação de Nossa Senhora da Conceição,
em torno da qual começou a se formar o povoado.
Lourenço de Baixo, hoje Fazenda São
Lourenço, surgiu em decorrência da propriedade agrícola do senhor Lourenço
Veiga, que também mandou construir uma capela, que existe até hoje, em
homenagem ao santo de sua devoção, São Lourenço.
O desbravador Antônio de Souza Barbosa,
considerado fundador da povoação, mudou-se para aquela região com os
familiares, levando seus teres, haveres e pessoas agregadas. Fez a doação de
considerável área de terra em torno da capelinha, surgindo as primeiras casas
residenciais e os primeiros pontos comerciais, ladeando os caminhos que vinham
de Palmeira dos Índios e do sertão, seguindo em direção ao povoado Riacho do
Meio (Viçosa) e ao Pilar, às margens da Lagoa Manguaba.
Para a construção da estrada de ferro
Great Western of Brazil Railway Company Limited, em 1911, pelos ingleses, o
proprietário rural Paulo Jacintho Tenório, filho de Quebrangulo, doou grande
extensão de terra para a implantação dos trilhos da via férrea. Em sua
homenagem o povoado Lourenço de Cima passou a chamar-se Paulo Jacintho, com
“th”, como está registrado nas paredes da velha estação ferroviária.
Ouro
branco
Desde o seu início, Paulo Jacinto
sempre possuiu a vocação agrícola. Ao longo do tempo, acabou transformando-se
em região de pecuária, na medida em que suas áreas de plantio foram substituídas
por pastos para o gado. Quando a agricultura imperava naquelas paragens havia
mais desenvolvimento e, como diziam os antigos, corria mais dinheiro na praça.
As feiras semanais estendiam-se da antiga igrejinha de Nossa Senhora da
Conceição, seguindo pela Rua do Comércio, ganhando o beco da ponte e parte da
Rua São Sebastião. Quase todos os produtos eram originários da região. Existiam três lojas de tecidos e a filial de
uma outra sediada em Palmeira dos Índios (que abria, apenas, nos dias de feira);
três mercearias, duas padarias, duas farmácias, armarinhos e outras pequenas
casas comerciais.
O forte era o plantio de algodão que
levou a multinacional Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro) a
instalar uma indústria, para realizar, mecanicamente, o beneficiamento do
algodão, com separação da lã (pluma) do caroço que, após embalados, esses
subprodutos eram enviados para centros produtores de tecidos e de óleos
comestíveis, em Alagoas ou em outros Estados. Durante a safra, mais de 50 operários
revezavam-se dia e noite, no trabalho. A produção era transportada pelos trens
de carga da Great Western, para diversos destinos.
No início da década de 40, a Sanbra
transferiu o controle de suas indústrias de beneficiamento existentes em
Alagoas, - Paulo Jacinto, Palmeira dos Índios, São José da Lage e União dos
Palmares - para a empresa Siqueira & Tenório que, por sua vez, a transferiu
para o nascente Grupo Carlos Lyra, adotando a razão social Algodoeira Lagense
S.A. Com o desaparecimento do algodão, já na década de 60, o maquinário foi
vendido e os vários armazéns da empresa
adquiridos pela prefeitura do município sobrando, apenas, a casa destinada à
residência do gerente, localizada na esquina do conjunto de prédios e que foi doada ao meu pai, pelos anos de
bons serviços prestados à empresa desde a época da Sanbra, Assim, terminou o
ciclo do “ouro branco”, acarretando desemprego para muita gente e o
enfraquecimento do comércio local.
Luta
pela independência
Como foi dito no início, a Vila de
Paulo Jacinto encravava-se em terras dos municípios de Quebrangulo e de Viçosa.
Durante muitos anos, foi acalentado o desejo de transformação da Vila em
município. Muitas foram as discussões em torno do assunto, inclusive, na Câmara
Municipal de Quebrangulo, na qual alguns paulojacintenses tomavam assento,
representando seus conterrâneos, a exemplo de José Aurino de Barros, Sebastião
Costa Barros e Francisco de Assis Barbosa.
Certo final de tarde, presenciei uma
cena que ficou gravada em minha memória para sempre. Seu Novo (Sebastião Costa
Barros), um dos nossos representantes junto à Câmara Municipal de Quebrangulo,
adentra a sala do hotel de sua propriedade e também residência da família,
desabafando para sua esposa dona Zefinha:
- Zefa, eu queria saber falar, pra
dizer um bocado de coisas na Câmara de Quebrangulo, calando a boca daqueles
debochados que ficam falando mal da gente, porque não querem a nossa separação.
Isto aconteceu, provavelmente, no início do ano de 1952.
Seu Novo largou a velha pasta de couro
que trazia na mão, tirou o paletó e desabou tristemente numa cadeira. Cotovelos
apoiados na mesa e as mãos na testa, olhos fechados, era a imagem de um homem
vencido. Na sala, além de dona Zefinha, sua dileta esposa, presenciaram aquela
cena seus filhos Fleury e Neto, que pouco antes conversavam comigo, além de
Tonha, que era pau pra toda obra nos trabalhos do hotelzinho administrado pelo
casal.
O hotel de Seu Novo e de dona Zefinha,
pais de Neto, Fleury, Valderez, Maria, Leureny e Zé Barros, principalmente durante
as férias colegiais, era o ponto de encontro da juventude paulojacintense. A
família Barros sempre foi extremamente musical. Seu Novo tocava violão, dona
Zefinha cantava músicas da época de sua mocidade, Neto tocava pandeiro, Fleury,
violão e as irmãs – Maria e Valderez -, cantavam muito bem. O caçula Zé Barros
que nasceu muito depois, não viveu essa época, mas herdou o gene da música e
hoje é um grande guitarrista. Leureny destacou-se no cenário nacional através
de um programa da TV Tupy, do Rio de Janeiro, comandado pelo apresentador
Flávio Cavalcanti. Em um concurso de âmbito nacional, ela ficou em segundo
lugar, prejudicada por uma série de injunções.
Baile
da Chita
Provavelmente, ali, naquela mesma sala,
surgiu a ideia da criação do 1º Baile da Chita, com a finalidade de arrecadar
dinheiro para custear as despesas com viagens e outros gastos em busca do apoio
de políticos e de figuras de expressão no Estado de Alagoas, que pudessem
aderir à nossa causa. Não presenciei esse momento histórico, mas tive o prazer
de comparecer ao baile pioneiro, que acabou tornando-se uma tradição já
ultrapassando os 60 anos.
O nome da festa derivou do figurino
exigido para as mulheres, sem distinção de idade, que deveriam usar vestidos
rodados, confeccionados em chita, um tecido muito em voga e que era utilizado
pelas mocinhas da zona rural. Os homens trajariam vestimentas estilo
caipira.
Como não existia ainda clube social, o
local escolhido para acomodar tanta gente, na previsão dos organizadores, foi
um dos armazéns da Algodoeira Lagense, onde meu pai trabalhava. O salão enorme
foi decorado com pedaços de chita suspensos, bandeirolas coloridas, balões de
papel e, nas paredes, caricaturas desenhadas pelo futuro jornalista Manuel
Nunes Lima, ourives de profissão e exímio desenhista, que depois se notabilizou
através de suas crônicas do cotidiano e pelas charges, publicadas diariamente
no jornal Gazeta de Alagoas. Nunes, embora nascido em Bebedouro - Maceió, vivia
com o pai e as irmãs em nossa terra.
O primeiro Baile da Chita realizou-se
no dia 22 de julho de 1952 e a festa foi aberta pelo sanfoneiro quebrangulense
Júlio Vaqueiro que, espontaneamente, tocou o baião, sucesso de Luiz Gonzaga,
“Propriá”. A música, foi repetida várias vezes durante a noite e, no encerramento
da festa, quando os dançarinos ganharam as ruas, seguindo o sanfoneiro naquela
madrugada fria, cantando alegremente: “Tudo que eu tinha, deixei lá não trouxe
não / deixei o meu roçado plantadinho de feijão / deixei a minha mãe, o meu pai
e meus irmãos / e com a Rosinha, eu deixei meu coração / Por isso eu vou voltar
pra lá / não posso mais ficar / Rosinha ficou lá em Propriá / Ai, ai, ui, ui,
eu tenho que voltar / Ai, ai, ui, ui, a minha vida tá todinha em Propriá”. A música, até hoje, é a característica do
Baile da Chita, iniciando e encerrando o evento.
A partir daí, intensificou-se a
campanha pela emancipação política de Paulo Jacinto, culminando com a
promulgação Lei nº 1747, assinado pelo governador Arnon de Mello, no dia 02 de
dezembro de 1953. O novo município foi instalado no dia sete de janeiro de
1954, com a posse do prefeito nomeado José Aurino de Barros, um dos baluartes
do movimento separatista, com mandato até a próxima eleição direta (1955),
quando deu lugar ao comerciante e pecuarista Francisco de Assis Barbosa, o
primeiro prefeito eleito pelo voto popular. Findo o mandato de quatro anos,
José Aurino retornou à prefeitura, desta vez pelo voto direto.
Mico
eleitoral
Nas
eleições do ano de 1955, votei pela primeira vez. Cheguei a Paulo Jacinto na
véspera da eleição, pelo trem da noite e, após abraçar uns amigos que encontrei
na estação, segui para a casa dos meus pais que ainda moravam na Rua do
Comércio. No trajeto, recebi a notícia: - Você vai presidir a sessão eleitoral
no Mercado das Farinhas. Foi um choque. Confesso que não voltei ao trem, para
seguir viagem, porque ele já havia partido.
Ao entrar em casa, minha mãe, depois da
benção e os afagos normais, entregou-me um ofício, assinado pelo Juiz
Eleitoral, designando-me para presidir a tal sessão. Perdi a graça. Meu pai, em
sua simplicidade, chegou orgulhoso, abraçando-me alegremente, chamando-me de
presidente. Não dormi a noite toda, não vou negar.
Pela
manhã, encontrei meu único terno, branco, engomado até demais, uma camisa de
mangas longas, da mesma cor, e gravata preta, o laço dado caprichosamente pelo
meu pai, pronta para ser ajustada ao meu pescoço, como o laço de uma forca.
Quando saí para o enfrentar a nova e desconhecida função, fui abraçado por
várias pessoas. Ao entrar no tal mercado das farinhas, que nem parecia aquele
local poeirento, com permanente cheiro de suor dos feirantes e fregueses, fui
saudado pelos que compunham a mesa eleitoral.
Destinaram-me a melhor cadeira e
amontoaram em minha frente vários papéis com timbres oficiais. Eram as
instruções, código eleitoral e sei lá mais o quê. Como redigir a ata?
Felizmente um modelo detalhado salvou-me da vergonha. Aí foi fácil. A eleição
transcorreu sem qualquer incidente.
A urna era um trambolho de madeira,
envernizada, com uma portinhola na parte superior, fechada por cadeado. Às dezessete horas em ponto, as portas foram
fechadas e a votação encerrada. Lacrada a urna e observadas as exigências da
Lei, a ata de encerramento foi redigida, contendo o número de votantes e de
faltosos, além de outros dados. Lacrada a tal urna, designei uma pessoa para
conduzi-la ao local onde ficaria recolhida, sob a guarda da Polícia Militar.
Para meu espanto, quase recebi ordem de prisão, porque eu próprio deveria levar
a urna e fazer a entrega aos responsáveis por ela daí pra frente.
Andando pelo meio da rua principal da
cidade, levando aquele trambolho praticamente no colo, porque não dispunha de
alças ou puxadores para facilitar. Paguei o maior mico de minha vida. Sujei o
terno branco e suei para caramba. Presidi a primeira eleição direta, fiz
história, porém não deixei minha assinatura na calçada da fama.
A
paróquia
Durante a dominação de Quebrangulo,
embora existisse a capela de Nossa Senhora da Conceição, construída pelo
pioneiro Antônio Barbosa Barros, as missas eram rezadas uma vez por mês, pelo
pároco da sede do município, padre Moisés dos Anjos.
A paróquia de Paulo Jacinto foi criada
por ato do então Arcebispo de Maceió, Dom Ranulpho da Silva Farias, em 1948,
quando o nome da padroeira foi trocado para Nossa Senhora das Graças. O
primeiro padre designado foi o cearense José Jesuflor. Ele criou a Escola
Paroquial, que funcionou por alguns anos e da qual fui aluno durante os anos de
1948 e 1949, quando me transferi para Maceió, para enfrentar o Exame de
Admissão ao Ginásio do Liceu Alagoano. Minha alfabetização, entretanto,
aconteceu graças à paciência do professor Teodomiro Alves de Oliveira e uma tal
Cartilha das Mães.
O segundo pároco, Padre José Monteiro,
um sertanejo de Tacaratu, Pernambuco que, com seu jeito acaboclado, logo
angariou a simpatia de seus paroquianos e tratou da construção da igreja
matriz. A senhora Maria Luiza Torres Barbosa, esposa do comerciante Francisco
de Assis Barbosa, cuidou da decoração interna do novo templo. Artista plástica,
pianista e cantora lírica, ela realizou uma obra digna de admiração. Ela também
foi autora da bandeira e do hino oficial. A igrejinha original acabou demolida,
quando deveria ter sido preservada como um marco histórico da fundação da
cidade.
Um fato hilariante ocorreu, quando a
prefeitura construiu uma praça na frente da nova igreja, colocando o busto do
fazendeiro João Duda. Um artesão muito conhecido e respeitado na cidade,
resolveu reivindicar para si homenagem igual, pelos serviços prestados à
comunidade durante tantos anos.
Um dia, enchendo-se de coragem,
adentrou o gabinete do prefeito levando uma carta reivindicatória de tal
honraria. O prefeito que se encontrava reunido com alguns vereadores e amigos,
leu o documento e perguntou ao artesão: - “O senhor deseja realmente o que está
escrito aqui?”. Diante da afirmativa do requerente, ele continuou: - “Veja bem,
o senhor está pedindo para que seja colocado o seu ‘bustiê’ em uma praça. O
senhor sabe que “bustiê” é uma peça do vestuário feminino, que as mulheres
também chamam de corpete?” O homem empalideceu de repente, tomou o papel das
mãos do prefeito e nunca mais pôs os pés naquele prédio.
Celeiro
de padres e jornalistas
O município de Paulo Jacinto acabou
transformando-se num celeiro de vocações eclesiásticas. Vejamos: o primeiro foi
Monsenhor Pedro Teixeira Cavalcante, ordenado em Roma, atualmente pároco da
Igreja do Divino Espírito Santo, em Maceió, que recentemente construiu e
inaugurou o Carmelo de Santa Terezinha, no distrito de Riacho Doce. O Bispo
José Francisco Falcão Barros, nomeado Bispo Auxiliar do Ordinário Militar do
Brasil, Monsenhor Petrúcio Bezerra e os Padres José Cláudio da Silva, Wendel
Assunção Gomes (atual pároco) José Ailton de Assunção, José Edvaldo dos Santos,
José Carlos Emanuel, José Clodoaldo de Almeida Santos, Manoel Paulo Antero de
Assunção e Francisco Teixeira.
No jornalismo figuram os seguintes
profissionais: Salésia Ramos, Marcelo Firmino, José Feitosa (Zé da Feira),
Fátima Almeida, Elenilda Oliveira, Clarissa Veiga, Lucas França (concluindo
jornalismo/estagiário da TV Gazeta), Marcondes de Aquino (estudante de
Jornalismo) e Laurentino Veiga (presidente da Associação Alagoana de Imprensa),
todos em plena atividade.
O
Campo de Pouso
Certo dia, o ronco de um “paulistinha”
assustou a nossa pacata vila. Era um aviãozinho amarelo, do Aeroclube de
Alagoas, como fiquei sabendo depois. Sumiu lá para os lados da Serra Grande,
nosso relevo geográfico mais destacado. Depois ouvi a gritaria: “O avião está
lá no campo de futebol”. Corremos todos para ver aquele fato inusitado. Do
avião haviam descido o piloto e um acompanhante ainda bem jovem. Acabamos
descobrindo que o mais novo se tratava do José Aloisio Costa, nascido em
Pindoba, estudante de odontologia e aluno de pilotagem. Costinha, para os
íntimos.
Outros voos se sucederam, alguns
comandados pelo aluno Costinha. Veio logo a ideia de se construir um campo
oficial, para pouso e decolagem de “teco-tecos” como eram chamados aqueles
brinquedos voadores. Daí nasceu o “Campo de Pouso Cadete-Aviador Moacydes
Caparica”, inaugurado com festança, em homenagem ao filho de um
caixeiro-viajante que abastecia lojas e armarinhos da cidade mensalmente. O
patrono havia morrido em acidente durante um voo de treinamento da FAB. Depois
de algum tempo os aviões desapareceram e nosso “aeroporto” acabou.
Matriarcado
Quando a vice-prefeita Maria José
Fontan assumiu o comando do município, em razão do falecimento do titular,
Joaquim Borba, toda administração municipal foi ocupada por mulheres. Por uma
feliz coincidência, a Juíza Nelma Torres Padilha havia sido nomeada para aquela
comarca. As secretárias municipais e diretoras de escolas nomeadas foram: Elma
Canuto, Maria Izabel Costa, Nize, Grináuria Teixeira, Eloisa Cavalcante,
Grináuria Barbosa, Joana da Silva, Josefa Luíza Pereira, Francisca Correia e
Maria Araújo Feitosa. Isso rendeu uma matéria no “Fantástico”, da Rede Globo de
TV.
Exercício
de memória
Aceitando o desafio proposto pelo
professor Sávio Almeida, me dispus a registrar alguns fatos sobre a minha
querida terra Paulo Jacinto, antes que a memória se torne prisioneira do
“alemão” impiedoso. Escrevi algumas coisas presenciadas por mim ou associadas à
minha vivência e também ao que contavam os meus pais. Não tive a pretensão de
escrever a história do município ou a de sua gente, apenas relatos puxados lá
do fundo da cachola. Um verdadeiro exercício de memória.
Fonte: http://luizsaviodealmeida.blogspot.com.br/2014/08/jose-alberto-costa-paulo-jacinto-das.html
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